quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

( Máscaras ) Parte I - Henri Petterson

Hogwarts, num tempo onde bruxos das trevas guerreavam com perigos maiores do que bruxos com sangue sujo! 



As batidas do meu coração estavam mais fortes do que o normal enquanto meus passos apenas se mantinham mais firmes em direção a onde tinha que estar. O meu rosto se mantinha avermelhado pelo sangue quente, a raiva que me fazia aos poucos perder a razão. A gravata com listas amarelas estava frouxa por cima do uniforme do colégio e mesmo com pedras machucando-me abaixo dos pés não me fariam desistir. Sabia onde encontrá-lo. Nunca estive tão tomado por um sentimento que sempre achei tão banal e desnecessário, porém não tinha outra explicação. Não era amor... era apenas posse. A posse que poderia ter sobre os seus lábios, o seu corpo, o domínio sobre ela.
Sabia onde encontrá-lo. E estava certo, tanto tempo convivendo no mesmo quarto, na mesma classe, poderia conhecer qualquer um como a palma da minha mão. Desvendar olhares e caráter. Não me deixariam enganar por sorrisos ou palavras.
A lua minguante brilhava alta no céu, porém não ajudava na claridade. Logo nas escadas, pude ouvir o som do violino. Respirei fundo, não a fim de me controlar, apenas uma respiração um pouco mais ofegante, enquanto subia os degraus molhados pela chuva que caíra a pouco, o que deixava o céu um pouco nublado ainda. Não havia muitos bichos no corujal, a figura que me chamara mais atenção era certamente a dele. Sorri a mim mesmo, um tanto sádico sem que percebesse. Não deveria haver explicações, e nem mesmo a varinha seria necessária. Nem mesmo me dera tempo de pensar, apenas o segurara pela touca do sobretudo de uniforme e o joguei no chão.
Lá, ele ficara me olhando, a expressão desentendida. Depois lhe explicaria, mas primeiro, acertei-lhe o rosto com o punho fechado, fazendo-o bater com força no chão por estar com o pescoço um pouco levantado. Por um tempo, me pareceu tonto, enquanto eu recuperava a postura, esperando que ele se levantasse.
Olhou-me, apoiando uma das mãos no chão e levantando um pouco do corpo, enquanto massageava levemente o queixo com a outra mão.
- Qual é Henri?! - disse, esperando uma explicação.
Sua voz começara a me irritar a tal ponto que me obrigara a lhe acertar outro soco no nariz, enquanto algumas palavras que me impulsionavam mais faziam o meu sangue subir.
- Fique de pé, desgraçado! - não controlei a voz alteada, segurando-o pela gravata e colocando-o frente comigo, na minha altura - Não parece tão homem agora, Tompson. - e mais uma vez lhe acertei o rosto, largando-o no chão.
Quanto mais batia em Michael Tompson, mais sentia minha raiva crescer internamente. Ele cuspiu uma bola de sangue em meio à palha que ali estava jogada para as corujas, que se amontoavam nas saídas do lugar, como se assistissem a um espetáculo de arena. Ajoelhei-me a sua frente o olhando, esperando que ele reagisse de alguma maneira.
 - Para, Henri, porra! Qual seu problema? – gritou, alguns respingos de sangue em meu rosto, quando me curvei um pouco mais para perto dele.
 - Pra quando sentir vontade de enfiar seu pinto em alguém enfia-lo em sua mãe, sangue-sujo! – disse por entre dentes então, me colocando de pé um tempo mais tarde, o olhando de cima. Não pude controlar o sorriso sádico em meus lábios, a respiração forte.
Por mais que sorrisse, ainda não me sentia bem. Meu corpo queimava inteiramente, o suor escorria-me pela testa, frio, a respiração acompanhava as batidas do coração. Depois de mais um chute em Michael Tompson, me afastei, deixando-o caído no chão, deixando-o pensar no por que de tudo aquilo. Quando se recordasse, saberia o por que de minha raiva.
Desci as escadas do corujal com um pouco de pressa, a maioria das luzes do castelo já estavam apagadas. Também não seria difícil encontra-la. Andava rápido pelo corredor então, a ponta da varinha acesa e o incomodo aparente da maioria dos quadros bisbilhoteiros pendurados nas paredes. Não demorei a chegar na biblioteca. Ao longe, a chama de uma única lamparina brilhava. Observei a silhueta de Philipa um tempo mais, ao longe. Então, me aproximei em passos pesados, parando a sua frente.
Os olhos seguiram-se surpresos a mim. Entreabriu os lábios para dizer qualquer coisa, mas antes que alguma palavra escapasse de seus lábios, apoiei as duas mãos a mesa, uma delas manchada de sangue.
- Henri... mas o que...? – perdeu-se nas palavras então, levantando e me olhando.
- Michael Tompson.

(...)
Por A. Sade

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Contos de trilhos


Não gosto que minha alma perambule por aqui. Ela sempre demora a voltar... Me assusta a ideia de que não volte, mas uma alma não pode ficar fora de um corpo.
Céus! Como meus olhos estão pesados, eles sempre pesam aqui, pois mais desconfortável que seja. O som é desagradável, as pessoas diferentes. Talvez o peso de cada espírito aqui presente me faça acordar desse jeito, com tanta falta de ar, mas, meu Deus, eu ainda tenho tanto sono!
Por A. Sade
no trem.


Olhando velas online.
- Nenhuma delas atende o meu pranto e dor.
- Qual sua dor?
- Nada comigo, mãe... O mundo é pesado...


28.09.11
Conversas cotidianas .

True Colors ...


Havia um arco-íris todo em preto e branco, e este cobria toda a terra, enegrecendo o coração dos homens, tornando-os sem cores... Sem íris. Seus pinceis estavam quebrados, e aqueles que o concertavam eram seres tão antigos que já haviam se tornado lenda. As nuvens eram pesadas, o sol era frio e nenhum pingo de chuva lhes caía sobre a face para lembra-los da importância de se estar vivo. Visto de longe, o mundo parecia apodrecer. Dentre robôs negros, controlados por fios – como marionetes – ela caminhava em pés descalços. Por mais velha que fosse a terra, só agora enxergava. O que ninguém sabia era que tinha um tesouro. E ninguém podia roubar-lhe. Não se parecia com ouro (este agora tão sem valor como qualquer pedra), não se parecia com nada (e o nada reinava em terras tão tristonhas). Apenas sorriu... Como deixa-se levar, menina. Como inventas palavras e significados e histórias que colorem suas mãos, seus dedos magricelas. E como tinta, começara a pintar. Dava cores ao arco-íris, soprava as nuvens e aquecia o sol num abraço. Mas como é estranho, menina! As pessoas são as mesmas... Será mesmo que só você vê?

Por A. Sade
Numa Quinta feira enevoada, após encontro com amigos.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O que da na cabeça de vocês, seres humanos, ao acharem que alguém especial nos foi enviado como castigo de Deus ?! Sinta-se feliz ... A alegria é tamanha ... !

reflexões de um dia conturbado.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A Forca dos Anjos (....)

(...) Depois de comer no intervalo, dediquei-me ao roubo de mais um livro na biblioteca sem monitoria. Era antigo, maltratado, as primeiras paginas rasgadas, mas nada que danificasse as outras, que eram muitas. Seria meu novo companheiro por horas. Havia algo ruim nos livros: eram péssimos ouvintes. Sempre ria com seus momentos, me apegava a mulheres e lamentava suas lamurias, mas suas paginas eram todas preenchidas, não sobrava espaço para as minhas confissões. Uma relação estranha, mas podia perder-me por horas entre beijos e caricias que nem em um milhão de anos encontraria na vida real. (...)

Sobre Juan B. Christovan.
motivos estes pelos quais me apaixono por meus personagens.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Primórdios da Nova Maldição

 “O tempo estava cinza, e quando mais adentrava seus delírios, mais escuro parecia ficar.  Há quanto tempo não via o sol? Os cabelos, de enrolados que eram, agora escondiam folhas e poeira pelos nós mal penteados. E como o vestido estava sujo... Mas não se importava. Não naquele momento. O tempo parecia sufocar-lhe, a respiração parecia cessar a cada passo dado. As pernas bambeavam por vezes, resultado da fome excessiva. A pele parecia mais pálida do que o normal, podia ver as veias pulsarem fracas. O coaxar dos sapos misturava-se com o som das folhas que rolavam no chão junto a força do vento. Não enxergava nenhum deles, os animais pareciam embrenhados no mato. Via apenas um. Era o maior que já vira, tinha uma mancha no meio dos olhos, que a fitavam, a chamavam para mais perto. E sem controle sobre as pernas, seguia até ele. Quando de frente com o bicho – que era da altura de seus joelhos – percebera que uma linha grossa estava costurada em sua boca.
Em seu inconsciente, sabia do que as lendas rezavam quanto a sapos com a boca costurada. Mas não sabia a quem o bicho estava fazendo mal. No tempo que ficara olhando para ele, ele fora murchando, como se antes estivesse cheio de ar e uma agulha o tivesse furado. Fora esvaziando, sua gosma espalhando-se ao redor. Os olhos permaneciam vidrados nela.
E aos poucos, foi abrindo a boca. Suzana sentiu-se agoniada. A pele esverdeada ia rasgando aos poucos, deixando a linha preta mais visível. A abertura escura logo fora coberta por sangue, a pasta vermelha escorrendo e manchando o chão. Teve de prender a respiração pelo cheiro forte que o liquido exalava, como carniça. Mas não desprendera os olhos do animal, que igualmente continuava a fitá-la. Até esvaziar completamente.
Teve de dar um passo a mais para frente, assim saberia o necessário. Como era de se esperar, havia um papel amassado em meio à crosta de sangue, a qual a terra comia. Abaixou-se, pegando-o assim e abrindo-o “.

Quando um nome era rabiscado num papel qualquer e costurado dentro do estomago de um sapo, o animal aos poucos definhava com a fome e sede. Os mais velhos diziam que o mesmo aconteceria ao enfeitiçado. Quando Suzana acordara, não fora difícil associar o sonho ao nome da pessoa que encontrara. Isabel parecia dormir, mas o cheiro de morte era semelhante em sua pele, por mais que soubesse que ele não existia realmente. (...)”

Por A. Sade
Baseado na Obra A Maldição do Sangue.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mais uma vez...

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          Dedico esta página exclusivamente a ele.
           Ele me fez falar, mas não creio que seja verdade... Só queria não estar perto o bastante, assim não veria em seu rosto a decepção. Eu não mudaria, mas tarde demais ele percebia isso. Ele também falou, mas não creio que seja verdadeiro. Nos esquecemos os lados, nos esquecemos das marcas e de onde nossas varinhas estão posicionadas. Nos esquecemos do que falariam se soubessem e apenas nos deixamos levar. Mais uma vez.
         Foram três vezes. Na primeira, ele não fez questão de relutar... Eu o fiz, mas nunca fui forte o bastante para brigar com ele. Quando percebi havia abandonado meu posto e estava dentro daquele quarto, sujo, cheirando a mofo. Nua, seu corpo por cima do meu, e quando isto acontece, todos os meus sentidos se perdem. Mas me sentia tão viva...
           Na segunda vez foi em meio a socos e beijos. Brigamos, ele me jogara na cara o quanto sou mesquinha, egoísta. Disse que não me importava, e de verdade não me importo. Falou que sou fria, que com minha pouca idade, consigo ser pior do que qualquer homem que já conhecera, e eu ri. Ri de suas comparações idiotas, ri de como estava bravo comigo e com razão. O riso sempre fora minha forma de defesa mais eficaz, mas com ele nunca funcionou. Quando transamos, ele deixou toda sua raiva transparecer em suas estocadas, fortes e rápidas. Não me olhava, puxava meus cabelos, me apertava forte contra a parede fria, suas expressões mais doloridas do que as minhas. Eu reagia como podia, arranhando-lhe as costas, fazendo-o sangrar, mas sabia que no fundo ele tinha razão. Ele ainda tem razão. E quando acabou, havíamos destruído metade do quarto.
       Na terceira vez... Queria não ver seus olhos, eles me desarmam. Suas palavras me soavam fortes. Nem minha mãe em meio a lágrimas e súplicas me fizera sentir tanto, então, por que ele? Me fizera dizer o que não era verdade. Estamos em lados diferentes, temos ideais diferentes, sangues diferentes. Deveria odiá-lo, mas ele me fizera chorar... Mais uma vez. Ele me abraçou quando estava de costas, me fez sentir mais uma vez nossos corpos juntos, nossas almas novamente entrelaçavam-se sem nenhum ato profano. E depois disso, não era apenas o prazer, o pecado da carne. Fazer amor... A penetração foi lenta, mas nunca me senti tão bem. Era suave, os olhos agora ligados, os corpos unidos em espírito, e ambos estavam bem. Não mais pensava em lados opostos, na guerra que estaria por vir, só queria que tudo durasse para sempre. E entre gemidos, ele me fez dizer...
          Ele também disse que me amava. Disse mais naturalmente, não relutou para dize-lo, não havia duvidas em suas palavras. Nas minhas também não. Apenas as disse, num som rouco misturado a mais sons involuntários, e meu Deus, como agora queria não ter dito de verdade, como queria que tudo fosse um sonho.
         Logo haverá uma guerra, nossas varinhas novamente entraram em conflito. Toda a noite se perderá em meio a clarões de feitiços, e tudo o que agora me corre por entre as veias, quente, não passará de nada. Ele me fez dizer, mas não queria que fosse real. Mas é real.
           A noite poderia durar para sempre...
           Ah, Fred...

(Relato de Elizabeth C. Ravenclaw)

Por A. Sade

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sabes quando é verdade...

     Antes de deixar-me levar assim, mal sabia que o amor causaria-me suprema dependência, algo como droga, meu vício de você. As marcas que me deixastes, muitas vezes externas, mas que somem com o passar do tempo, interioriza-se dentro de mim, correndo minhas veias e pulsando junto, tão vivas quanto o meu coração. Marcas estas que me trazem lembranças que me levam ao mais alto das nuvens e quando em junção com suas palavras, tão doces e aconchegantes, fazem de mim – aquela que temia tal sentimento mortal – um ser especial que se desvanece em seus braços madrugada a fora. Suas mãos quando tocam-me a pele... oh, sensação indescritível que me destes. Brinco com meus olhares, gosto de suas reações, mas no fundo sabes o que quero de ti,e  depois chega o momento em que as palavras são apenas verdades, confissões de dois corpos em uma única alma. E quando chega o amanhecer, sinto em lhe ver partir... Pensar que poderias estar aqui, minha cabeça recostada em seu ombro e adormeceríamos juntos, em sono intranqüilo, porém compensaria a noite traduzida apenas em palavras e sentimentos. Enquanto observo o nascer do sol da janela de um trem, penso em você. Pensarei durante o dia todo. E em meio a recordações de horas atrás, deixo exposto agora no papel o que certamente já sabes. Que o amo.




Por A. Sade.
08 de Agosto de 2011.
06h 45.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Diário de Morte


          Foram exatos um século e trinta e cinco anos e ao decorrer de todo esse tempo, algumas coisas marcaram. Era uma criança quando matei outra criança, aparentemente de mesma idade que eu, seu sangue ainda corre em minhas veias, ainda posso sentir o gosto em meus lábios e a inteligência prodígio do moleque. Foram as primeiras coisas que aprendi sem o auxilio de meu pai. Ao longo do tempo, aprendi coisas que me foram importante para a vida toda e valores foram injetados na minha cabeça sem meu consentimento, valores que fluíram pelo meu corpo e um tempo depois vomitei feito carne morta.
           A primeira viagem com meu pai me saiu completamente fora do controle. No norte da Inglaterra encontrei Ângela, mulher a qual achei estar enamorado, uma confusão de desejos sexuais que acabou em gemidos e sangue. Fui punido. Em conseqüência de minha sede, a seca por um ano. Definhei, achei que morreria, mas o mundo ainda me reservava muita coisa. Não me deixaria morrer tão facilmente. Depois disso, passei por uma serie de treinamentos que me ajudariam a controlar minha sede, um tipo raro de vampiro que não morde a vitima na primeira noite como um cachorro faminto por osso.
        Em meados dos anos de 1923, meu caso com Paloma Danverson tornou-se mais sério do que o esperado. Achava que sexo se resumia a penetração e sangue, o que resultava o prazer, mas Paloma me mostrara o quão maior pode ser o prazer quando com alguém que sabe como fazer. E ela sabia. Impossível descrever em poucas paginas os cômodos e moveis da casa, as posições e os tantos hematomas escondidos em nossos corpos e sorrisos discretos uns aos outros quando perto de muita gente.
    Interrompendo tal fase, na Alemanha houve a Segunda Grande Guerra, a qual, pateticamente, fiz parte da força ariana por incentivo de meu pai, comandante de uma das tropas. Torturei judeus, negros e homossexuais, a maioria deles acabava sem muito sangue no corpo. Minha melhor época. Não fazia questão nenhuma de controle – se acabariam mortos de qualquer maneira, melhor que fossem pelas minhas mãos. Conheci Lorena no campo de batalha, enfermeira de guerrilha. Fora minha amante durante todo o período em que estive em campo e achei que a amasse, já que o que sentia era mais forte do que qualquer sentimento materno internalizado em mim. Permaneci cegamente iludido até encontra-la de quatro para um soldado alemão. Foi quando descobri que era mais inteligente do que aparentava ser. Arranquei pedaço por pedaço da pele dele. Quando ele gritou por sede, dei-lhe acido e por noites o ouvi chorar de desespero enquanto o líquido corroia seu estomago. Lorena permanecia amarrada, apenas vendo... Estava horrorizada, não por menos. Ainda tinha a aparência de treze anos, enquanto ela – vadia maldita – tinha lá seus vinte e nove. Por fim, terminei o serviço com minha amada. Numa mulher há três chances de penetração: oral, anal e vaginal. Criei uma quarta, em sua barriga, e não me lembro de ter me excitado tanto em experiências anteriores.
        Quando de volta para a casa, percebi o quanto era estranho o meu amor e isso por que ria de minhas lembranças enquanto guardava numa caixinha as cartas que ela me escrevera, fazendo mil promessas. Saciava minha ânsia sexual com Paloma, era minha diversão nos momentos de cansativas reuniões familiares. Numa delas, conheci Victor Beanch, completamente diferente de quem eu era exteriormente. Fumava sem ter que se esconder, era adapto as transformações do mundo e mesmo não sendo vampiro de sangue como eu, era muito mais bacana ser quem ele era. Num acesso influenciado de rebeldia, mandei meus pais a merda. Minha irmã de sangue tinha uma casa no sul da Espanha, a qual me instalei bem mesmo com a ausência constante dela.
         Estava fixado na Espanha, mas passei por França, Itália, Portugal, Brasil, dentre outros países. Conheci Sarah, Catarina, Pandora, Cristina, Mariana e Jussara. Matei Sarah e Cristina, trepei com Catarina, Mariana e Jussara juntas. Transformei Pandora... Não era apenas uma garota bonita, não foi apenas uma transa legal e nem uma mutação sem sentido. Ainda sinto falta da minha companheira de solidão nos tempos depressivos em outros países, mas cartas sempre matam a saudades, mesmo que artificialmente.
         De volta a Espanha, trouxe comigo o vicio de brincar com a comida. Funcionava de uma maneira simples: conhecer, fazer da vitima mais próxima, faze-la apaixonar e depois, terminar com tudo da melhor maneira. Sangue. Dentre todos que passaram por minha vida, houve Brietha. Não tinha nenhum tostão, era abusada pelo pai e completamente submissa a isso, apesar de sua inteligência. Deveria ter a usado antes de se deixar levar tanto. Descobriu rápido quem eu era, sobre minha espécie, mas permaneceu em silencio. Usou ao seu favor o que sabia quando a mordi, cortou-me o pulso enquanto eu me extasiava com seu sangue e igualmente, tomou o meu. E agora, além de vampiro, Brietha via em mim um tipo de novo líder, ao qual faria tudo o que fosse necessário.
       Éramos então eu, Victor e Brietha no final da década de 80, o sexo droga e rock ‘n’ roll eram o clichê midiático que mais nos chamava atenção. Havia o sexo. Havia a droga. Faltava então o rock ‘n’ roll. Formamos então a Prólogo, os que dariam continuidade a qualquer história pela eternidade. A banda tocava por diversão apenas, em bares e pubs da cidade, ganhávamos fama e garotas que, conseqüentemente, indomavam o meu sexo. Tínhamos de controlar nossa sede. A cidade era pequena, se todas as pessoas começassem a sumir, teríamos rápido de arranjar um novo rumo. Mas muitas delas não mais voltavam aos bares.
       Numa de minhas noites sozinho, as quais dedicava a reflexões, conheci na sacada de um prédio de subúrbio, Ana Marchneal. Desejava não a ter conhecido. Não se sabe o que é felicidade antes de conhece-la, não se sabe o que é amor quando não o sente verdadeiramente. Ana foi o melhor que aconteceu em minha eternidade, nenhum toque se comparou ao dela, nenhuma transa se comparou ao amor que fizemos. As cores do mundo foram mais vivas, e pela primeira vez, deixei de lado minha busca pelo que não sabia. Não precisava de nada ao redor...
        E se tudo o que lhe preenche é covardemente tirado, estou certo em dizer que só lhe resta o nada. E independente de quantas linhas mais possa ter essa história, ela se acaba no ponto em que o ultimo sopro de vida deixou seus pulmões. Se acaba no momento em que o brilho deixou seus olhos. Então tudo perdera o sentido.


Por A. Costa

Dorian Müller

        As pernas dela estavam presas um pouco abaixo de seus quadris. Quanto mais fortes eram as estocadas mais ela esfregava o corpo ao dele, os seios grandes apertados em seu peito. As unhas dela arranhavam-lhe as costas, deixando marcas vermelhas que com o tempo desapareceriam, diferentes da que ele lhe havia deixado na virilha. Os gemidos ecoavam pela rua mal iluminada, os olhos apertados. Ela implorava por seu corpo, por mais. Puxava-o para perto, mordia os lábios e gritava, o sexo apertando seu órgão que continuava com seus movimentos contínuos de ir e vir, fortes e rápidos. Não lhe escorria uma gota de suor da testa. Ele inclinara um pouco o pescoço, observando as expressões de sua amante, sério, sem um sorriso se quer. Um das mãos estavam encostadas no muro frio, os olhos dele mesclavam em seu tom claro com a cor original, dada por anjos do inferno. –  Mais!  – e se ali houvesse casas, de certo seus moradores ouviriam os gritos. Baixou os olhos brevemente, observando os movimentos feitos por ambos os corpos, enquanto ele chegava ao ponto que queria realmente. Para Dorian, estava longe de um orgasmo, porém o sêmen agora estava dentro da moça. Logo geraria uma nova vida, vida a qual a alma pertenceria inteiramente a ele, um sangue tão puro quanto o seu. E ai então, sorriu.

Gypsy


            - Minha pequena pedinte, eu sinto suas correntes que buscam minhas mãos. Eu sinto seus seios, e seu pequeno tamanho... e esqueço da minha dor. Eu sinto em seus lábios um odor de febre, de uma criança faminta. E sobre os seus toques, eu sinto uma embriaguez que me destrói.



  
       Era uma menina. Os cabelos enrolados pulavam em suas costas conforme se deixava levar pelo ritmo da música instrumental, as mãos segurando a barra do vestido enquanto mexia os quadris em forma de oito. Não era a mais jovem daqueles, porém a ultima a nascer na família. Na pele, alguns desenhos feitos a tintas permanentes e agulha – a lua cheia por entre as nuvens ficava um pouco acima do cós, nas costas. No umbigo, o pircing perfurava a pele, delicado, mas visíveis por suas pedras. Não abria mão das pulseiras barulhentas conforme a movimentação de seu corpo, os véus leves moldando-lhe os vestidos feitos a mão. Moravam num campo grande, aberto, as cabanas feitas de madeira de acordo com as condições de cada família Gypsies. E apesar de toda a harmonia entre o grupo, ela queria mais. Conhecer novas culturas, novas pessoas, novas ideologias! Penélope queria o mundo! 


Por A. Sade

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Missão Madre Tereza

            As caixas de papelão não impediam que o inferno transpassasse o gelo das ruas ao corpo daquele homem, enrolado com alguns cobertores velhos que, mesmo doados de bom grado, não impedia que os músculos reagissem ao vento da manhã que o fazia tremer. Em plena praça Municipal da cidade, havia um mendigo jogado deitado perto de um coreto mal iluminado. Era segunda-feira, menos de oito horas da manhã. Duas crianças passavam por perto, e sem modéstia, taparam os narizes enojadas com o cheiro forte. No caminho para a aula, passaram a discutir como um ser submetia-se a tais circunstancias, não tomar banho e dormir na rua. Afinal, ele cheirava a fezes, o odor exalava pelo caminho todo. Algumas providências deveriam ser tomadas.
            E por entre as pessoas, a senhora viúva pensava no café da manhã dos filhos. Nas mãos, a sacola cheia de pães. A presença do homem ao chão chamou-lhe atenção. O rosto cadavérico, a crosta de poeira em seu rosto misturando-se a sua cor negra. Os roncos de sua barriga podiam ser ouvidos ao longe. A mulher não parou, mas enquanto caminhava, observava a cena. Porém, se ele estava ali, alguma coisa devia ter feito para merecer. Deus não faz as coisas injustamente.
            Um padre, sua bíblia em mãos e um terço n’outra. Fez um sinal da cruz ao passar, sem ao menos olhar. “Que Deus o abençoe”, pensou, enquanto seguia seu caminho até a paróquia tão próxima dali. Mesmo com o terço em mãos, a benção deveria ser dada por Deus, e sua missão ao desejar-lhe o bem estava cumprida.
           Um malote cheio de papeis e dinheiro acompanhava um empresário que tentava alcançar o auge de sua carreira. O homem que observava a movimentação com os olhos murchos, o fez parar por um momento. Em pleno centro da cidade, um indigente mal-cheiroso perturbava a paz de quem tinha de seguir o seu caminho. Incomodava. Seu cheiro, sua aparência, suas vestes. A beleza da cidade estava deturpada. Mas teve de continuar seu caminho, havia uma empresa mais importante para dirigir.
          Mais um grupo de crianças. Apostavam. Um beijo no mendigo para o garoto que perdera o desafio. E muitos risos foram ouvidos ao longe.
            - Nem por um milhão de dólares.
            E continuava a rir, os passos em direção a escola.
          Não era um milhão de dólares que saciaria sua fome, sua sede. Ia além de comida. Toda a sujeira que lhe cobria a alma teria de ser tirada com algo além de alma.
            Acho que há mais trabalho para Madre Tereza na terra...


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Por A. Sade

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Aos poucos que entendem...

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 São preciosas. Tem poder de descrever qualquer ambiente, qualquer sensação e se bem usadas, qualquer sentimento. O poder que se concentra na língua e fala transpassado para papel ou qualquer coisa que nos tire a ânsia de escrever, de relatar fatos, de mudar o que quer que seja. Tendo-as dominadas, podemos caminhar pela Terra, reformar o que tem de ser reformado. Proporcionamos lágrimas e risos. As melhores coisas do mundo são feitas dela. Um dia alguém nos contou que um Deus deixara suas regras em algumas páginas de papiro, e eis o motivo da fé na qual vivemos. Também houveram as lendas que tanto nos apegamos, que nos fazem acreditar e perder horas de sono a pensar e quando nos é dado tempo, colocarmos idéias absurdas no papel. Gastamos o suor, o sangue para darmos a vida ao prazer maior. E se tens esse dom, agradeças. O dom da palavra corre nas veias dos mais ousados, que se deixam levar por pensamentos sem limites, que se permitem expressar em tinta e papel poemas, textos, sátiras, o que for! O limite é seu, a luz agora está em suas mãos e imaginação. Use-a. Não posso presenteá-la com o melhor, minha linda, mas creio eu que o melhor presente já tens. E abusando do poder que nos foi dado, digo para que todos saibam, que lhe amo! Talvez isso baste... é minha palavra mais forte.


Feliz aniversário, Rebeca T.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Nostalgia


Querida Catherine.
           
            Mais um ano se faz presente sem que eu tenha nenhuma noticia sua. Na verdade, acho que esta carta é mais uma das que escrevo apenas para consolar minha solidão, incompreendida por Viktor, porém minhas esperanças de que leia alguma delas e me retorne com alguma resposta são vãs. Das noticias suas, as que tenho vem através de jornais e línguas compridas, coisas pequenas como a morte de seu pai e como a pobre Slytherin sentia-se no enterro. Não pude estar presente para consola-la assim como esteve por perto quando chorei, chorando minhas magoas para os travesseiros, sentindo falta de pessoas que não mais poderiam estar comigo... nem a magia mais poderosa as traria para perto. Sinto muito. Sinto ainda mais por não estarmos perto uma da outra.
         Em alguns anos atrás, esta seria uma data especial. Éramos três, comemorando os setes e oitos de agosto, a principio inocentemente, logo mais com bebidas e cigarros. O passar dos anos foram rápidos demais, mas me lembro de cada detalhe. De como implicava com cada detalhe sem importância, como uma menina mimada que sempre fora, até os últimos anos da escola. As coisas complicaram, escolhemos caminhos errados, mas cá estamos nós. Seria injusto dizer que esta foi nossa sorte, por vezes me pego pensando que deveria estar enterrada a alguns palmos da terra, junto de todos que se foram e deixou em mim, um buraco que nunca cicatriza. Creio que não apenas em mim.
            Desejo-lhe hoje toda a felicidade, a recuperação daquela que nos foi roubada. Por trás do nome portador de todo o peso de sua vida, sei que tens ainda todos os anseios de quando éramos crianças, de nossas atitudes inconseqüentes, porém se pararmos para pensar, inocentes. Sorria neste dia, por mais que sombras do passado a ameacem fazer mal. Sei que és forte, minha Catherine... Toda esta força tens como um dom, cuide então de sua família, do pequeno Scorpions e de Draco, este maldito cabeça dura que hoje tens como marido.
            E como presente de aniversário, um presente tão simples como este, lhe dou um segundo filho. Dê boas vindas a Jean Pierre. Descumpri minha palavra tendo um filho hoje, mas ele me dá forças para não pensar. E dou-lhe para batiza-lo, se assim quiser. Faço por que a amo.
            Tenha um bom aniversário.
            Com amor, de sua sempre melhor amiga...
Elizabeth C. Ravenclaw



(escrevo na esperança de agradar uma grande amiga com o mais simples presente. A amo, Daiana Paiva! Feliz aniversário, amiga... Faça um pedido e ganhe o mundo. Por A. Sade)

domingo, 7 de agosto de 2011

Ei, Mulher ...


"Jamais permitas que algum homem a escravize, nasceste livre para amar e não para ser escrava. Jamais permitas que teu coração sofra em nome do amor. Amar é um ato de felicidade, por quê sofrer? Jamais permitas que teus olhos derramem lágrimas por alguém que jamais fará você sorrir! Jamais permitas que o uso do teu próprio corpo seja cerceado.O corpo é moradia do espírito, por quê mantê-lo aprisionado? Jamais te permitas ficar horas esperando por alguém que jamais virá, mesmo tendo prometido.Jamais permitas que teu nome seja pronunciado em vão por um homem cujo nome tu sequer sabes!Jamais permitas que teu tempo, corpo e coração seja desperdiçado por alguém que nunca terá tempo para ti. Jamais permitas ouvir gritos em teu ouvido. O Amor é o único que pode falar mais alto! Jamais permitas que paixões desenfreadas te transportem de um mundo real para outro que nunca existiu.Jamais permitas que os outros sonhos se misturem aos seus, fazendo-os virar um grande pesadelo. Jamais acredites que alguém possa voltar quando nunca esteve presente. Jamais permitas que teu útero gere um filho que nunca terá um pai. (E se tu o gerar saiba que a dádiva da Mãe-Deusa é apenas Tua, crie e eduque teu filho/filha de modo que possa vir a ter força e jamais tema ser mãe solteira; o pecado está apenas na mente dos fracos.) Jamais permitas viver na dependência de um homem como se tu tivesses nascido inválida.Jamais permitas que a dor, a tristeza, a solidão, o ódio, o ressentimento, o ciúme, o remorso e tudo aquilo que possa tirar os brilho de teus olhos a dominem, fazendo arrefecer a força que existe dentro de ti. E, sobretudo, jamais permita-se perder a dignidade de ser mulher!" 

sábado, 6 de agosto de 2011

Lummus !

Eu juro Solenimente que não vou fazer nada de bom !







Se passaram quatro anos, e posso descreve-los um a um, cada detalhe ainda pulsa vívido em minha mente. E mesmo que hoje eu já não saiba mais distinguir o quanto disto é real e o quanto de tudo minha mente sem limites criou, deixo-me sorrir e chorar. Época aquela onde preocupações eram apenas as provas escolares e a falta de tempo para... para o que mesmo? Tínhamos tempo para tudo. Para ousar, sermos dignas do nome que nos fora dado. As regras não eram o bastante, tínhamos vícios saudáveis, até machucávamos pessoas por prazer. E riamos. Dentre os quinze, fomos as primeiras. E bendito seja aquele que nos uniu, agradeço a luz mágica que hoje rodeia nossas cabeças, mesmo que num ponto tão distante da mente de alguns, mas ainda está lá. Acesa. Havia a música, havia os livros e os projetos – de todos eles, Henri ainda é meu preferido (nostalgia) – projetos esses que precisamos um dia dar um fim. As personalidades brigavam entre si, mas estávamos juntas apesar de qualquer coisa. Tinha aquela que vestia-se de preto, tinha uma inteligência digna de deuses, sabia usar das palavras e fazia delas as mais doces, assim como fazia delas as mais amargas. Costumava armar-se delas, isto quando não opinava por armas mais pesadas. Esta apelidamos de Aluada. E também havia aquela que era dispersa, que achávamos não entender metade do que lhes dizíamos, mas que no fundo, estava tão presente quanto um membro que sangra quando uma ferida lhe é aberta, que chora quando a dor agoniza em uma parte do corpo – por que éramos um corpo. Esta apelidamos de Rabicho. A outra que com papel e caneta, deixavam-nas entrar em sua perfeição, em seu mundo onde qualquer guerra que estourasse, teriam-nas como líderes. Ah, velhos tempos... Esta vocês apelidaram de Almofadinhas. E por ultimo, havia a gótica, que independente das roupas, olhos e gosto musical, mais nos parecia uma flor, de pétalas tão frágeis que a qualquer toque brusco, se desfaria como a rosa que brigou com o cravo. Esta apelidamos de Pontas. Nós zombávamos daquelas que se diziam amigas, pois sabíamos que todas as palavras eram fúteis, que nenhum eu te amo tinha tanta intensidade quanto o nosso. E quem diria. Hoje, cada um segue seu caminho... Mas hoje, o dia de hoje, é digno de lembranças que fizeram parte da minha infância, me impulsionaram a crescer e fizeram de mim esta que sou! O que tenho a dizer então, em meio a lágrimas que sei que podem jogar numa penseira e fazerem delas nossos pensamentos mais intensos e bonitos, me despeço... Não para sempre. E enfim. Feliz quatro anos, eternas marotas.

Malfeito Feito !
Nox !

Dedicado a Paloma Miranda, Talyta de Carvalho e Daiana Paiva.
Por A. Sade.

sábado, 30 de julho de 2011

A Forca dos Anjos ( . . . )

    Estavam parados. Os dois. Os olhos por vezes desviavam para as paredes encardidas, mal iluminadas pela luz do sol. Mas acabavam por fixar os olhos nos corpos novamente. Ela, a pele branca manchada de discretas sardas, que percorriam o pescoço, descendo pelos ombros e braços, espalhando-se pela barriga. Os cabelos vermelhos estavam jogados sobre os seios, compridos, lisos, destacava-se na pele branca visivelmente trêmula. Ele observava, disfarçava, mas observava cada curva bem feita de seu corpo. Voltava a seu rosto, os olhos ardendo em chamas. Mexia os dedos dos pés descalços no chão de terra, sentia o corpo todo reagir aos toques que ainda não tinha sentido, o órgão enrijecer, os músculos tremerem. Não tinha idéia de como dar o próximo passo, por mais fácil que teoricamente pudesse parecer. E um tempo mais a olhando, chegou a conclusão de que poderiam ficar ali para sempre, enquanto o sempre durasse. O tempo que precisassem. Ela não estava segura. Sentia-se pura uma primeira vez na frente dele e não achava justo. Não era justo ser a Virgem Maria quando um coral de vozes chamavam-na de Maria Madalena. Como se os primeiros olhos a contemplar seu corpo nu fossem os dele, mas como santa prostituta, sabia ela que não era bem a verdade. Ele entenderia se ela o explicasse que não fora por querer, que num colégio dirigido por cardeais católicos, os pecados tinham de ser pagos de outra maneira, se lhe contasse quantas lágrimas haviam manchado seu rosto quando o liquido sagrado era derramado em sua boca. Mas o menino não pensava, não sabia, não imaginava. E pela primeira vez em sua vida, sentiu o coração bater mais forte, tão forte que lhe faltava. No alto da capela sem habitação, o sino tocava dando início a mais uma missa na capela central. Os companheiros de dormitórios não sentiriam a falta deles... E se sentissem... Bem, do que importava? Estavam parados. Os dois. E ali poderiam ficar, nus, em meio a baldes de gelo no estômago e sensações inevitáveis para ambas as partes, apenas se olhando. Eram jovens. Tinham todo o tempo do mundo.


Por A. Sade

terça-feira, 26 de julho de 2011



       caminhava por entre o castelo de cartas de baralho, a torre erguia-se simples num Ás de copas. Nos pés, as meias coloridas vinham-lhe até os joelhos, era apenas com que estava vestida. Na estrada de terra azul, encontrara amigos com os rostos cobertos, mas as máscaras eram as menores do mundo, resumiam-se em narizes vermelhos. Encontrara amigos transparentes, mas suas cores eram tão fortes que não podia afastar-se. Amigos feitos de letras. E quando em cima do picadeiro, os trotes à cavalo traziam em cima de seu dorso um homem menino, os cabelos de anjo, um sorriso que lhe tomou. As estrelas aplaudiram, deixando o brilho recair-se sobre ela... e o céu oferecera-lhe o arco-íris. E todo o sangue que manchava sua face, caindo de seus olhos, não lhe traziam mais dor. A gigante, maior do que todas as criaturas da terra, maior do que todos os seres do céu, aproximara-se então e assim tomou o sangue para si, assim como tomaria as cores que lhe foram dadas. E borrando uma folha velha de caderno,escreveria sua história.

Por A. Costa