quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

( Máscaras ) Parte I - Henri Petterson

Hogwarts, num tempo onde bruxos das trevas guerreavam com perigos maiores do que bruxos com sangue sujo! 



As batidas do meu coração estavam mais fortes do que o normal enquanto meus passos apenas se mantinham mais firmes em direção a onde tinha que estar. O meu rosto se mantinha avermelhado pelo sangue quente, a raiva que me fazia aos poucos perder a razão. A gravata com listas amarelas estava frouxa por cima do uniforme do colégio e mesmo com pedras machucando-me abaixo dos pés não me fariam desistir. Sabia onde encontrá-lo. Nunca estive tão tomado por um sentimento que sempre achei tão banal e desnecessário, porém não tinha outra explicação. Não era amor... era apenas posse. A posse que poderia ter sobre os seus lábios, o seu corpo, o domínio sobre ela.
Sabia onde encontrá-lo. E estava certo, tanto tempo convivendo no mesmo quarto, na mesma classe, poderia conhecer qualquer um como a palma da minha mão. Desvendar olhares e caráter. Não me deixariam enganar por sorrisos ou palavras.
A lua minguante brilhava alta no céu, porém não ajudava na claridade. Logo nas escadas, pude ouvir o som do violino. Respirei fundo, não a fim de me controlar, apenas uma respiração um pouco mais ofegante, enquanto subia os degraus molhados pela chuva que caíra a pouco, o que deixava o céu um pouco nublado ainda. Não havia muitos bichos no corujal, a figura que me chamara mais atenção era certamente a dele. Sorri a mim mesmo, um tanto sádico sem que percebesse. Não deveria haver explicações, e nem mesmo a varinha seria necessária. Nem mesmo me dera tempo de pensar, apenas o segurara pela touca do sobretudo de uniforme e o joguei no chão.
Lá, ele ficara me olhando, a expressão desentendida. Depois lhe explicaria, mas primeiro, acertei-lhe o rosto com o punho fechado, fazendo-o bater com força no chão por estar com o pescoço um pouco levantado. Por um tempo, me pareceu tonto, enquanto eu recuperava a postura, esperando que ele se levantasse.
Olhou-me, apoiando uma das mãos no chão e levantando um pouco do corpo, enquanto massageava levemente o queixo com a outra mão.
- Qual é Henri?! - disse, esperando uma explicação.
Sua voz começara a me irritar a tal ponto que me obrigara a lhe acertar outro soco no nariz, enquanto algumas palavras que me impulsionavam mais faziam o meu sangue subir.
- Fique de pé, desgraçado! - não controlei a voz alteada, segurando-o pela gravata e colocando-o frente comigo, na minha altura - Não parece tão homem agora, Tompson. - e mais uma vez lhe acertei o rosto, largando-o no chão.
Quanto mais batia em Michael Tompson, mais sentia minha raiva crescer internamente. Ele cuspiu uma bola de sangue em meio à palha que ali estava jogada para as corujas, que se amontoavam nas saídas do lugar, como se assistissem a um espetáculo de arena. Ajoelhei-me a sua frente o olhando, esperando que ele reagisse de alguma maneira.
 - Para, Henri, porra! Qual seu problema? – gritou, alguns respingos de sangue em meu rosto, quando me curvei um pouco mais para perto dele.
 - Pra quando sentir vontade de enfiar seu pinto em alguém enfia-lo em sua mãe, sangue-sujo! – disse por entre dentes então, me colocando de pé um tempo mais tarde, o olhando de cima. Não pude controlar o sorriso sádico em meus lábios, a respiração forte.
Por mais que sorrisse, ainda não me sentia bem. Meu corpo queimava inteiramente, o suor escorria-me pela testa, frio, a respiração acompanhava as batidas do coração. Depois de mais um chute em Michael Tompson, me afastei, deixando-o caído no chão, deixando-o pensar no por que de tudo aquilo. Quando se recordasse, saberia o por que de minha raiva.
Desci as escadas do corujal com um pouco de pressa, a maioria das luzes do castelo já estavam apagadas. Também não seria difícil encontra-la. Andava rápido pelo corredor então, a ponta da varinha acesa e o incomodo aparente da maioria dos quadros bisbilhoteiros pendurados nas paredes. Não demorei a chegar na biblioteca. Ao longe, a chama de uma única lamparina brilhava. Observei a silhueta de Philipa um tempo mais, ao longe. Então, me aproximei em passos pesados, parando a sua frente.
Os olhos seguiram-se surpresos a mim. Entreabriu os lábios para dizer qualquer coisa, mas antes que alguma palavra escapasse de seus lábios, apoiei as duas mãos a mesa, uma delas manchada de sangue.
- Henri... mas o que...? – perdeu-se nas palavras então, levantando e me olhando.
- Michael Tompson.

(...)
Por A. Sade